19 de fevereiro de 2013

Relato de Amamentação: O vínculo permanece


“O lado do coração”
“Sempre tive certeza que conseguiria amamentar, mesmo tendo que retornar ao trabalho após 120 dias de licença maternidade e Hadassa com apenas 3 meses e meio. Assumo que me bateu uma insegurança, até pensei em pedir demissão do trabalho para ficar com ela. Mas com o apoio da família, com informação e determinação eu consegui.”
“Assim que ela nasceu foi entregue a mim levei-a para meu lado esquerdo instintivamente o lado do coração.”
Não tive problemas relacionado com a amamentação como rachaduras ou fissuras nos seios, após as mamadas passava o próprio LM para cicatrizar e higienizar o local; Durante a gestação expunha o bico ao sol e ficava sem sutiã em casa usando apenas vestidos leves e camisetas, estas ações auxiliaram no fortalecimento da região preparando-me para esta fase.
Ela parecia uma bonequinha delicada, mas quando estava com fome ficava brava que nem uma leoa costumava chamá-la assim, me sentia como se sonhasse, observava ela sugar com tanto vigor, algumas vezes até se engasgava. Nesses primeiros dias recebi doses viciantes de Ocitocina, o hormônio do amor, como eu sentia prazer em amamentar minha filha. Tomei cuidados com alimentação como recomendou D. Prazeres (minha parteira) como evitar tomar café em xícara de chá e sim na xícara de café. Só me descuidei com doce de leite, que mitos dizem ser bom para aumentar produção de leite, mas nada disso é verdade ocorreu que toda vez que eu comia doce de leite ela apresentava cólicas e a 1° cólica agente não esquece, chorava junto com ela, um ser tão delicado sentindo uma dor tão forte e eu ser a causa, não aguentei!
Teve também a posição de amamentar que não estava fazendo da forma correta. Aprendi que tudo o que eu comia passava para o leite materno,sabores, e nutrientes dos alimentos então veio a conscientização e a busca de melhorar a cada dia minha alimentação.
Com a descida do leite fiquei com os seios bem duros e grandes e alguns nódulos estavam formando causando dores no local, fiquei muito preocupada depois que uma tia veio me assustar com histórias de mastite e empedramento, aí passei a fazer as massagens circulares, retirar o excesso de leite no banho o que aliviou bastante.
Como Hadassa nasceu em período de verão veio a sugestão da avó de dar água, “porque leite é doce e dá sede” O quê?Como assim?! Não precisa não porque o leite também é água, o LM é tudo o que o bebe precisa até os 6 meses. Sempre tinha que lembrá-la disso neste 1° momento, pois o mito que o LM é aguinha rala era bem persistente nesse período.
Outro momento que lembro foi por volta de 1 mês Hadassa apresentou acne neonatal ficou tão feinha com a pele toda espinhenta, até fui julgada injustamente que era eu beijando a menina e nada tinha haver era acne neonatal mesmo e conversei com D. Prazeres ela disse para eu passar o leite materno nas áreas afetadas na pele, pesquisei e vi que a orientação estava corretíssima, pois por ser solução estéril também possuía uma enzima que inibia o desenvolvimento da acne, inclusive fonte de pesquisa recente na Universidade da Califórnia para desenvolvimentos de cremes cosméticos para tratamento da Acne em adolescentes e adultos utilizando LM, ora em 2 dias a pele de Hadassa estava linda e de bebe novamente; Quando relatei a Prazeres a melhora e também sobre as tais pesquisas, ela sorriu ao telefone e disse: - O LM sempre foi o medicamento que usei para tratar isto e outras doenças nos bebes.
Eu pari em Setembro e em meados de Novembro comecei a buscar informações sobre como faria para permanecer amamentando com o retorno ao trabalho,não passava pela minha cabeça substituir meu leite por outro, estava muito aflita sem saber o que fazer e minhas comadres D. Prazeres e Danieli me orientaram a começar a juntar vidros tipo nescafé com boa vedação para armazenamento de LM, comecei uma campanha pelo Orkut e Facebook.
Eis a campanha que montei:

Compartilhando com amigos e familiares o que me rendeu NENHUM vidro, a maioria das pessoas usavam a descupa de que só consumiam café solúvel em refil porque é mais barato (o que é “gastar” R$1,00 a mais do valor do produto para doar para uma mãe que quer amamentar seu filho?) Acho que as pessoas estavam incrédulas quanto ao sucesso desta ação, mas o que a maioria das pessoas pensa nunca me impediu de alcançar meus objetivos quando tenho certeza que posso alcançá-los , ouvi até um zum zum zum de “deixar de invenção e de ser pão dura e comprar lata de leite pra menina”; Como vi que não tinha futuro arrecadação daquela forma, comecei a pesquisar no Google sobre doação de vidrinho nescafé e entrei no link do grupo Grávidas e Mamães em Recife (Orkut) e cai de paraquedas em um fórum onde outras mães estavam doando e recebendo vidros para armazenar leite materno para seus bebes, eu fiquei muito feliz, enfim eu não estava sozinha e outras mães conseguiram eu agora tinha certeza que iria conseguir até o fim! Escrevi uma mensagem de apelo para Magna Costa pedindo que me doasse os vidros de nescafé pelo motivo mais honrado do mundo, ela um anjo e minha amiga desde então, me respondeu com todo carinho que tinha 11 vidros e que me doaria. Ela me deu apoio e incentivo, com a única condição de devolvê-los quando ela retornasse a trabalhar após sua LM (estava gestando Bruna), pois faria o mesmo.
Uma etapa resolvida busquei assisti vídeos ensinando a ordenha manual, li sites sobre a técnica, higienização, armazenamento e oferta do LM ao bebê, liguei para o banco de leite do IMIP para tirar dúvidas e ter esclarecimentos.
Na segunda quinzena de Dezembro comecei a ordenha e armazenamento, junto com os primeiros testes e adaptação de Hadassa a nova forma de mamar; Li a respeito que a forma mais indicada seria com o uso de copo tipo cachaça, mas tive a resistência de minha sogra que colocou várias barreiras para não ofertar desta forma e sim com o uso “mais prático” da chuquinha. O medo que me rondava nesta época era Hadassa se acostumar com a facilidade de sugar numa mamadeira e não querer mais mamar.
Na primeira vez que foi ofertado a ela em chuquinha ela aceitou, mas depois não quis mais e  comprei uma mamadeira NUK, porém ela também não se adaptou, tendo que ser por meio de copinho. Continuamos durante umas 2 semanas com a rotina de ofertar o LM (minha sogra ofertava em minha ausência) antes de voltar a trabalhar.
Um dia antes de retornar ao trabalho estava muito ansiosa, mal consegui dormir; No dia pensei que duraria uma eternidade esta separação, fiquei tão estressada que meu peito secou. Quando fui tentar fazer a ordenha no trabalho não saia nada, nem uma gotinha..foi aí que me aperriei mais ainda, foi desesperador. Só vinha na minha cabeça “Como vou fazer daqui pra frente para alimentar minha filha?” Encontrei na hora do almoço com um amigo, que não via há tempos, falei que estava retornando ao trabalho e da situação de não ter leite, ele me disse: “ Minha esposa também foi assim, a médica dela passou Tintura de Algodoeiro e ela teve tanto leite que até doou ao banco de leite do IMIP” corri para a empresa e pesquisei sobre esta tintura e tudo que encontrava era satisfatório, encomendei em uma farmácia de manipulação. Li também que mães que estão passando por situações de estresse ou muita tensão produzem uma quantidade anormal de adrenalina, que bloqueia a ocitocina, fundamental à amamentação; Então resolvi me acalmar, tomar a tintura de algodoeiro e começar uma dieta de alimentos que influenciam no aumento de produção de leite e muita,muita,muita água durante o dia. Este foi o 1° dia do meu desafio, estava apenas começando a jornada.
Desta forma com concentração, calma e determinação consegui realizar no trabalho a ordenha manual de 1 vidro grande + 1 pequeno de LM todos os dias; Foram 9 meses desta rotina, até ela completar 1 ano de idade.
Notei que antes ela que dormia a noite toda passou a acordar pela madrugada para mamar como forma de compensação. Ano passado ela teve uma inflamação na garganta que durou 5 dias, ela já estava com 1 ano e 3 meses, foram 5 dias de retorno à amamentação exclusiva em livre demanda, seios cheios e vazando.
Eu superei minhas próprias expectativas não sabia até onde chegaria, mas me propus ao desafio e hoje não preciso mais realizar ordenha e todo processo que fazia, pois ela se alimenta bem com outros alimentos, ela permanece mamando por tempo indeterminado e minha maior satisfação é chegar em casa com os seios cheios de leite, ela correr para meus braços, puxar minha blusa e pedir seu “pê”.

Matéria da Folha de PE sobre as Mães trabalham e amamentam.

Sites recomendados:
Vídeos:
BANCO DE LEITE DO IMIP - O atendimento é feito de segunda à sexta, das 7 às 12 horas e das 13 às 17 horas  Tel. (81) 2122.4100/4103(Doações e Orientações Gratuito).

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